Os fios dos novelos que estão dispostos no urdidor vão sendo alinhados na espadilha. Têm de ser 12, “se não não dá”, conforme explica Palmira de Campos Gaspar, natural de Várzea de Calde – Viseu.
“A minha sogra e os antigos diziam que o tear é como uma viola. Uma viola, se não tiver as cordas todas certas não trabalha bem”, graceja, enquanto, com destreza e habilidade, vai alternando o polegar e o indicador, fazendo o cruzamento dos fios, que voltam a cruzar-se nos ramos da urdideira, fixa na parede.
É a teia que ganha vida. A atenção tem de ser permanente. “E é preciso ter muita vontade, se não não se aprende”, diz Palmira Gaspar.
Concluída a missão, atam-se as cruzes e apanha-se a teia, em forma de encadeado, que é transportada para o tear, onde, com o trabalho de três pessoas, se faz a instalação.
No início da teia vão ser metidos os liços no pente; e no fim vão os linhóis, com 12 fios em cada um.
Na aldeia que lhe serviu de berço, quase todas as famílias tinham um tear, onde as raparigas e suas mães teciam camisas de linho para homens e mulheres. Numa economia circular onde nada podia ser desperdiçado, as partes de cima do vestuário eram feitas com linho e as de baixo com estopa, por serem mais grossas.