Palmira de Campos Gaspar nasceu em Várzea de Calde, em 1940, uma época de “muita miséria”. O pai ganhou o pão em Espanha e em vários pontos de Portugal, a serrar madeira, “um trabalho duro”, e, mais tarde, no minério. Já a mãe ficava em casa a cuidar dos filhos. O casal teve sete filhos.
Como era hábito na época, Palmira começou a servir desde tenra idade. Ainda nem tinha sete anos completos quando começou a trabalhar numa família de Moure de Carvalhal, onde ficou ano e meio.
E outros desafios se seguiram numa “vida escrava”. Ainda assim, olhando para trás, resigna-se e diz que “naquele tempo era assim”.
Trabalhou na resina e também a guardar gado. Aos 16 anos, aprendeu a urdir e depois a tecer. Começou por fazer mantas de farrapos e passou, mais tarde, para o linho.
Também cultivou e tratou a planta, que era preciso, entre outras etapas, fiar, ensarilhar, cozer, lavar, corar, dobar, urdir e tecer. “O linho dá muito trabalho, mas era uma festa”, recorda.
Após duas décadas a viver em Aveiro, quando regressou às raízes, apareceram cursos ligados ao linho e à tecelagem. Palmira Gaspar “agarrou-se ao tear” e reviveu o que já sabia.