José Joaquim Gaspar da Costa é natural de Várzea de Calde – Viseu, onde nasceu em 1936.
Descendente de uma linhagem de carpinteiros, seguiu as pisadas do pai e do avô, com os quais aprendeu. Desde novo que se lembra de, juntamente com o irmão, ir para a oficina para aprender.
Quando a atividade deixou de ser rentável, candidatou-se à GNR, onde chegou a 1º Sargento, graduação com que se reformou.
Quando voltou às suas raízes, dedicou-se às terras de lavoura e aos animais. Mas as horas vagas eram passadas na carpintaria que montou com máquinas manuais simples, de onde saíam verdadeiras obras de arte. Rasa, alqueire, dobadoura, uma maça para amaçar, um sarilho, sedeiros e teares estão entre as peças que saíram das suas mãos, dando resposta aos pedidos dos clientes.
“Sempre gostei de trabalhar na arte das madeiras. É um bichinho que não se perde”, nota, com orgulho.
A sua habilidade fez com que voltasse ao setor que conhecia bem, por ter-se habituado a ver a mãe a semear, tratar e tecer. “Era uma alegria, as pessoas ajudavam-se mutuamente umas às outras e cantavam enquanto trabalhavam. Eram festas autênticas”, recorda.
Além do linho, aproveitava-se a estopa e a estopinha, além da lã das ovelhas, que era escarpeada e fiada, para dar origem ao burel, que era apertado no pisão.
José Joaquim Gaspar da Costa fala ainda do tear e dos seus constituintes, explicando a respetiva funcionalidade e montagem, de modo a que cumpra a sua função de construir a trama. As queixas, o pente, as apianhas, a mãozeira, as hastes, as roldanas, os liços, os órgãos, a mesa central, as barras de segurança, o estrado e as lançadeiras fazem parte desta viagem.