Nascida em 1965, Isabel Maria Lourenço do Souto tem as suas raízes em Várzea de Calde – Viseu, resultando na junção das famílias dos Carrilhos (por parte do pai) e dos Caetanos (do lado da mãe).
Sendo sete irmãos, ficava muito caro continuarem a estudar, pelo que frequentou a escola até ao sexto ano. Assim, a sua infância ficou marcada por muito trabalho a ajudar os pais, que eram proprietários agrícolas e tinham uma junta de vacas.
A sua mãe tinha herdado um tear da sua progenitora, mas nunca teceu, pelo que Isabel Maria também não tinha relação com a arte.
Essa realidade veio a alterar-se, posteriormente, quando frequentou cursos de tecelagem, onde aprendeu a cultivar e a tratar o linho até à montagem da teia e ao tear. “Nunca mais parei”, garante.
Assim, Isabel Souto faz parte de uma geração de senhoras que, embora não tivessem ligação ao linho, contribuíram para recuperar a arte, combinando tradição e modernidade.
No seu caso, consegue fazer todas as etapas do linho, cujos procedimentos vai explicando pormenorizadamente até que o fio, depois de cheio na canela, está pronto para vir para o tear.
“Urdir a teia é muito importante e uma tarefa complexa, pois não se pode falhar um fio”, nota, salientando que é um processo que “tem que se lhe diga”. Muitas vezes, as urdideiras ficavam na parede do corredor das casas, por serem mais espaçosos, e os fios de linho eram colocados de forma organizada e paralelamente, de modo a serem posteriormente apanhados e montados no tear. Começa depois o processo de tecelagem manual.