Várzea de Calde, primavera de 2019. Registo sonoro integrado numa série de gravações realizadas para o projeto Viseu Rural 2.0 e para o Arquivo da Memória de Várzea de Calde, cujo tema principal são diversos usos e conhecimentos sobre plantas: medicina, culinária, construção de ferramentas, rituais, jogos, etc.

Em casa de Cidália Gonçalves, falámos com ela e com sua irmã Miquelina Gonçalves, as quais nos falaram sobre “as ervas para fazer os chás”. Como se pode constatar noutras gravações desta série, a venda de plantas medicinais  foi uma atividade económica de interesse para algumas pessoas da aldeia, as quais desta forma podiam complementar o rendimento da casa . “Todas vendíamos”, diz Miquelina. No seu caso, o vínculo era com uma pessoa que vinha de Castro Daire. Esta pessoa comprava tanto plantas (solda, erva doce, celidónia),  flores (marcela, camomila, sabugueiro, tília) como folhas de árvores (tília, freixo) “para levar para as fábricas onde fazem os remédios”.

Pagava-se “baratinho” ao quilo: dependendo da planta podiam chegar a oferecer 8o cêntimos pela camomila, um euro por hipericão-do-gerês, até oito euros por flor de tília, muito embora estes preços tenham ido baixando. Cidália e Miquelina explicam como se fazia a colheita para não matar a planta e com que ferramentas se executava essa tarefa, seja de forma manual e com trator, sempre ceifando por cima, ou seja sem arrancar a raiz.

Entrevista de Ana Rodríguez com Miquelina Duarte Gonçalves (n. 1937) e Maria Cidália Duarte Gonçalves Santos (n. 1953).