“Poesia é algo que sentimos

Bem dentro do coração

E passamos para o papel

Com a nossa própria mão.

E o poeta,

Bem sentado,

Num banco de solidão

Pensando, vai escrevendo

Na palma da sua mão.

(…)

Tudo quanto escrevi

Eu senti dentro do peito

Mas poetisa eu não sou

E nem sei se tenho jeito”.

Poesia é o nome deste poema da autoria de Virgínia Figueiredo, mais conhecida por Gina, residente em Fataunços.

Com uma “vida entrelaçada com o passado e o presente”, a escrita esteve sempre muito presente. Cresceu no seio de uma família de nove crianças e recorda uma infância muito feliz, em que os pais estavam estabelecidos mas trabalhavam muito, e deram uma boa educação aos filhos, sem nunca lhes ter faltado nada. Aos 5 anos aprendeu a ler e escrever. Fez a quarta classe com a distinção e a professora pediu para que continuasse a estudar, mas os pais não a dispensaram “por ter muito jeito para os irmãos”.

Quando casou, emigrou para França, onde esteve 15 anos, e, no regresso, fixou-se em Lisboa, onde viria a concretizar o seu sonho de voltar a estudar.

Diz que não sabe “de onde vem esta veia”, mas é só darem-lhe um tema e as ideias surgem. “Começo a fazer os versos, que se identificam muito com a natureza e o que me rodeia, e o difícil é parar”, diz, com um sorriso, acrescentando que até já a desafiaram para escrever um livro.