Miguel Lopes de Almeida soma 80 anos e é natural da freguesia de Alcofra, no concelho de Vouzela.
Das suas memórias faz parte uma lanterna antiga que é, também, testemunha de um período complicado. “Foi minha companheira durante os dois anos em que estive, no período da Guerra Colonial, no Norte de Angola, num território em conflito onde começou a guerra de guerrilha que durou até ao 25 de Abril de 1974”,explica.
Entre 1965 e 1967, a lanterna fez parte do seu dia-a-dia. Iluminava a mesa onde, à noite, escrevia à família e às madrinhas de guerra; proporcionava ambiente quando estava no quarto e guiava os seus passos quando tinha de deslocar-se dentro do acampamento. “Serviu para tudo, acompanhava-me sempre”, garante, acrescentando que “é uma recordação de coisas boas e outras menos boas, que também aconteciam”. Foram “dois anos muito intensos”, em que a confraternização ajudava a ultrapassar os “perigos que também havia”.
Miguel Lopes de Almeida era oficial miliciano e tinha um grupo com 30 homens, do qual não esconde “o orgulho”. “Nenhum de nós queria ir para a Guerra, mas só tínhamos duas opções: ir ou fugir para o estrangeiro e seriamos considerados desertores, e consegui que regressassem todos com vida”, regozija-se.