Natural de Oliveira de Frades, Luís Grilo Moreira, de 82 anos, queria que o pai lhe oferecesse uma bicicleta como prenda da 4ª classe, onde foi “aprovado com distinção”, em 1952. Mas o que lhe calhou em sorte foi bem diferente: “uma lata, com o objectivo de passar a resina que era apanhada de pinheiro a pinheiro”. “Tinha de a encher e levá-la, meio quilómetro ou um quilómetro conforme, até a um sítio onde fosse transportável por um carro de vacas ou uma camioneta”, recorda.
Nascido em 1940, no seio de uma família com 14 filhos, a resina ajudava ao sustento. “O meu pai tinha uma área de cerca de 30 mil bicas e tinha de produzir a resina, porque era a sobrevivência dele”, aponta Luís Grilo, que vai desenrolando as várias etapas da campanha. Em fevereiro/ março, recorda, era preciso retirar a corcódea numa determinada área, “para apanhar o primeiro sol” e, em março/abril, abrir a sangria e colocar a bica para apoiar os púcaros para onde iriam sangrar os pinheiros.
Como era muito magro e o trabalho difícil, Luís Grilo lutou por arranjar um trabalho melhor, pois “queria ser caixeiro, ir para o comércio”. Assim fez. Com 13 ou 14 anos, conseguiu ir para um grande armazém de Pinheiro de Lafões e passou por outros locais, até conseguir construir o seu próprio estabelecimento.