Clara Ladeira nasceu a 18 de Outubro de 1946, em Coimbra, no Hospital de Santa Clara, do qual herdou o nome, e é natural de Cambra – Vouzela.
Entre as inúmeras recordações que tem da infância, numa época em que rapazes e raparigas tinham escolas separadas, estão as récitas e as peças de teatro que se faziam na comunidade. “Eram as brincadeiras da terra”, relembra, destacando o papel de Augusto Pinheiro, que “tinha muito jeito para criar os textos”. “Mais alguém ensaiava e estavam a peça pronta”, acrescenta.
As apresentações aconteciam em Janeiro, nas noites maiores, ou pelo Santo Antão, que se assinalava a 17 de janeiro.
“Quem compra a sardinha
Fresquinha, a saltar
A saltar, ela é da nossa praia
Saiu agora mesmo do mar”.
Assim cantava o grupo numa das récitas em que Clara Ladeira aparece a cantar, com a canastra à cabeça. Da peça fazia ainda parte a sua amiga de infância, Lurdes, da qual perdeu o rasto, após esta ter emigrado para África. Quando, algumas décadas depois, a colega apareceu como uma fotografia do espetáculo, “foi uma grande emoção”. “Foi como se me dessem um rebuçado”, garante a septuagenária.