O livro “O Prémio”, de Irving Wallace, tem um simbolismo especial para Carlos Rodrigues, de 72 anos, natural da Sobreira – Reigoso – Oliveira de Frades e residente em Vilharigues – Vouzela. Apaixonado por literatura, a obra foi-lhe oferecida por uma prima e acompanhou-o no serviço militar, que completou em Tete, Moçambique.
Como andava todos os dias de comboio, onde fazia a guarda de cargas e passageiros, e o seu serviço tinha muitas alturas mortas, a leitura fazia-lhe “companhia”.
“A determinada altura, tendo eu uma costela lafonense, achei piada porque já aqui um autor estrangeiro citava, na página 373, alguém cujo nome me era familiar: o Dr. Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina”, salienta, notando que Irving Wallace o apresentava como o seu “laureado favorito”.
A obra é, assim, “um dos símbolos dessa passagem por Moçambique”. “Despertou-me interesse por marcar um período difícil de dois anos da minha vida, embora nunca tenha sabido o que era a guerra direta. Se há marcas que são vincadas na nossa vida são essas”, defende.
A leitura foi sempre uma presença assídua na vida de Carlos Rodrigues, que recorda a biblioteca oferecida pelo Comendador Manuel Fernandes Gomes à sua escola primária, em Reigoso, e as bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.