Ana Maria Ferreira nasceu em Lisboa. Teria entre 7 e 10 anos quando recebeu um telegrama, que “tem um significado importante” e representa “um misto de emoções”.
“É um telegrama de parabéns que o meu pai enviou de uma das colónias, porque ele era militar de carreira. Faço anos no dia de Natal e penso que foi a forma que ele encontrou de me surpreender e de estar presente nesse dia”, começa por contar Ana Maria Ferreira.
Os seus pais conheceram-se em Lisboa e o pai entrou, aos 16 anos, na Marinha, como voluntário. “As memórias estão bem vincadas. Lembro-me das ausências dele, até porque quem mandava era a mãe e as coisas eram mais suaves, embora eu fosse ‘reguila’”, acrescenta, notando que até aos 10 anos cresceu num bairro militar, onde os amigos, todos ligados ao ramo da Marinha, brincavam na rua. Mas se a mãe era “mais benevolente, o pai só tinha de abrir os olhos e já sabíamos que algo não estava bem”.
“Estávamos muito protegidos. Foi excecional, uma infância fabulosa”, lembra.
Nos dias de hoje, quando a saudade bate, o telegrama especial ajuda a reviver as “muito boas recordações”.