Aida Ferraz, de 75 anos, residente na Vila de Oliveira de Frades, escolheu a medalha que identificava o marido quando este esteve no Ultramar, onde era furriel atirador. A insígnia inclui o grupo sanguíneo, no caso de ser necessário, e duas medalhas – de Nossa Senhora de Fátima e de Nossa Senhora das Graças – que adquiriam, em Fátima, antes de ele partir. “Antes de ir, foi despedir-se de mim [a Oliveira de Frades]. Ele era de Oliveira de Azeméis, mas veio ter comigo e pedir-me para eu esperar. E eu disse-lhe que sim”, recorda.
Entre 1970 e 73, Manuel Fernando Barbosa Gomes esteve em Angola, para onde embarcou no barco Vera Cruz, e Aida Ferraz ficou a viver a guerra do lado de cá.
“As cartas eram muito engraçadas. Ele era muito mimado, sendo filho mais novo e com 12 anos de diferença da irmã. Nas cartas dizia que passava fome, porque o helicóptero nem sempre podia descer devido ao tempo e tinham de andar pelo mato a colher frutas. Desabafava comigo”, recorda, destacando a “alma muito boa” do seu marido, que foi sempre “muito amigo”.
No ano seguinte a Manuel ter regressado do Ultramar, no domingo de Páscoa de 1974, o casal deu o nó.