“Enquanto andar na terra dos vivos” vai ser ferroviário, porque “ser ferroviário é uma missão”. Quem o diz é Adelino Serrano, de 77 anos, residente no concelho de Vouzela, mais concretamente em Figueiredo das Donas, “terra de ferroviários” por excelência.
Embora nunca se tenha imaginado nesta missão, após regressar do serviço militar tinha de arranjar uma ocupação e gostou do desafio, pelo que, mesmo quando surgiram outras oportunidades, decidiu continuar nos caminhos-de-ferro. Exerceu a profissão durante 39 anos e foi Fator, o elemento que chefiava as estações na ausência do Chefe.
“Adorava o contato com o público, de conviver com pessoas”, nota, desfiando vários episódios que marcaram “uma vida com altos e baixos” e o seu percurso nas diversas estações, cada qual com as suas características e tipo de clientes, bem como a solidariedade e as relações entre os colegas. De Viseu a Espinho, de Sernada do Vouga a Aveiro e de Viseu a Santa Comba Dão, trabalhou em quase todas as estações.
Desses tempos permanecem o alicate de ferroviário, um complemento que usava quando não havia revisores, e a boina azul – que passava a branca quando tinha de assumir o lugar de Chefe de Estação na partida dos comboios.