Localizado no centro do país, o concelho de Figueiró dos Vinhos apresenta algumas especificidades ao nível da geologia e geografia que lhe conferem características distintas. Por um lado, fica na área de confluência onde termina o maciço central da Península Ibérica e começa a zona litoral, e, por outro, encontra-se integrado no Vale do Zêzere. A estes factores aliam-se aspectos geológicos, como a abundância de xisto, a ser entrecortado por muitos afloramentos graníticos que, conforme explica Margarida Lucas, historiadora e docente, tem a especificidade de ser ortoquartzito. Ou seja, aquilo a que o povo chama “pedra milheira”. A estes junta-se o granito, também com grande peso em termos económicos.
Desde a pré-história que a pedra tem um papel muito importante na região, sendo usada, por exemplo, na construção, associando-se a outras mais-valias, como o aproveitamento da água, que aqui existe em abundância, e à agro-pastorícia.
Ao longo do tempo, a pedra deixou a sua marca, por exemplo no património, mas também na área da construção, sobretudo até aos anos 60 do século passado, em que o betão começou a sobrepor-se. O contraciclo acontece associado a momentos da história, como a emigração, a guerra colonial ou as decisões de poder do Estado Novo, que invertem a tendência de crescimento do Interior, contribuindo para a sua desertificação.