Através do contacto com o presidente da Associação dos Amigos da Aldeia do Vale, senhor Ernesto Ferreira, organizou-se uma tertúlia na antiga escola primária local com dois habitantes com bastantes conhecimentos e experiência sobre temáticas ligadas à pedra, os senhores Lourenço Monteiro e Manuel dos Santos.
Este último referiu-se aos filões de pedra calcária existentes na própria aldeia do Vale onde era possível extrair pedras com espessura de 50cm, ideais para fazer os cunhais das casas. Também referiu que as pedras mais pequenas serviam para “bugalhar” as paredes exteriores das casas, ou seja, para fazer uma mistura irregular com barro e areia coberta por cal, sistema que é possível constatar em construções antigas na aldeia, nas quais o reboco em cal se tenha desfeito com o passar dos anos.
Ao contrário da nossa ideia inicial, o senhor Manuel dos Santos referiu que a pedra da serra adjacente à aldeia não é boa para a construção de casas, mas sim para transformação em cal. A pedra para cal era partida e aquecida nos fornos de cal construídos com a pedra da serra. O aquecimento da pedra era de uma semana e ao ser molhada podia ser utilizada. O senhor Manuel Lourenço referiu outros usos da cal, tais como para fazer uma calda para controlar os possíveis efeitos de excesso de sulfato nas vinhas.