O projecto que me proponho realizar em Nodar debruça-se sobre o trabalho realizado no dia-a-dia na aldeia e nas suas imediações pelos seus habitantes.
No meu trabalho, a Natureza e as tensões criadas pela marca humana ocupam um papel importante: os espaços, os objectos, os vestígios e os fenómenos, a forma como estas questões interferem com a percepção e a consciência levam-me a procurar lugares ambíguos, de contacto, onde existem essas afinidades e tensões susceptíveis de activar a nossa percepção, de onde emerge sempre uma certa noção de fronteira.
Procurar elementos reveladores da forma de estar no mundo das pessoas de Nodar e de universo perceptual que as rodeia, mas também partir à procura das tensões latentes.
A partir dessa investigação, criar uma peça acusmática a ser instalada/adaptada a um espaço, que procurasse criar, a partir de uma reinterpretação de materiais fornecidos pelo próprio espaço, uma situação de dissonância e cisão, susceptível também ela de activar a percepção, abrindo por isso uma brecha num lugar da aldeia.
Francisco Janes (1981, Lisboa) Estudou literatura na faculdade de letras, concluiu o Curso Avançado de Fotografia na Ar.Co. Nos seus projectos trabalha com fotografia, vídeo, composição sonora(na área dos “field
recordings” e da música concreta) objectos e instalações pluridisciplinares. O ponto focal do seu trabalho é a questão da percepção e dos mecanismos fenomenológicos da consciência, bem como as noções particulares de cisão e fronteira.
Francisco Janes foi o vencedor da Bolsa Ernesto de Sousa relativa a 2008, atribuída pela Experimental Intermedia Foundation de Phil Niblock e pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.