O objectivo desta experiência iconofonográfica, é o registo em som e imagem de uma viagem na área dos Maciços de Montemuro, Arada e Gralheira, obtido a partir de uma expedição realizada no contexto específico da Mobilidade Pastorícia – Os Caminhos da Transumância. O resultado a conseguir é um arquivo / arte / memória mush-up combinatório da fotografia, som, cartografia, geografia, ecologia e biologia. Toda a informação será cruzada com trabalhos de referência existentes em arquivos e bibliotecas. O tratamento e reinterpretação dos dados será apresentado numa instalação audiovisual. A viagem obedecerá a rotinas de registo fonográfico, fotográfico e gráfico (desenho vetorial) com o objectivo de criação de catálogos-caixa com a indexação dos equipamentos transportados, bem como o registo em imagem dos materiais recolhidos ao longo da rota. Julgo que a abordagem desta criação encontra na Associação Cultural Binaural / Nodar uma excelente estrutura de suporte.

A plataforma de experimentação Nodar Rural Art Lab parece-me indispensável para a valorização desta acção. As áreas disciplinares escolhidas para a produção de imagem e som foram a fotografia e a fonografia, que mais tarde se cruzam com a cartografia, a geografia, a biologia e o design. Proponho que os suportes escolhidos e o entrosamento com as diversas áreas sejam uma boa solução para fomentar novas leituras do local visado, por muito aleatória que seja a sua escolha. No conjunto apresentado remete-se o espectador para a ideia de geração de arquivo. É neste entrosamento – arquivo/arte/memória – que se constrói o raciocínio e se concebe a malha do projeto: construir como gesto de perpetuamento incompleto.

João Farelo, nascido em Lisboa a 1981, é artista sonoro e de vídeo, com Mestrado em Artes Visuais Intermédia (2012), pelo Departamento de Artes Visuais e Design da Universidade de Évora.

Começou o seu caminho artístico profissional em 2007 com uma colaboração com Carlos Zíngaro, Pedro Lopes e Bernardo Chatillon no projecto Storia Intramuri 2- uma performance audiovisual, no Festival Urbano Pedras d’agua 07, atelier Fragateiro, Lisboa. Ao longo dos anos, já expôs o seu trabalho em locais como Galeria da Capela de Santo António, (Portel); Galeria do Palácio Galveias, (Lisboa); Institut Français du Portugal, (Lisboa); Centro Cultural Malaposta, (Lisboa); Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, (Lisboa); Conventodos Remédios (Évora); Atelier-Moura-George, (Lisboa); Museu de Ciência da Universidadede Lisboa, (Lisboa); Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, (Lisboa); Biblioteca Municipal Camões, (Lisboa); Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé, (Loulé); Adamastor Studios, (Lisboa).