Alva é uma povoação muito antiga, tendo sido vila e sede de concelho entre 1514 e 1836. A localidade tem foral muito antigo e pelourinho, sendo que a sua igreja já existia no século XIII, bastando percorrer as suas ruas para percebermos a importância que Alva terá tido no passado: uma profusão de ruas com imponentes casas de lavradores abastados, múltiplos fontanários, palheiros, espigueiros e uma extensão de campos cultivados considerável. Dada a sua posição geográfica, Alva recebeu influências culturais quer das terras de Lafões e de Viseu, a sul; quer das terras do Montemuro e do vale do Paiva, a norte.

O Rancho Folclórico Morenitas de Alva evidencia, precisamente, essa conjugação de influências, através da inclusão, no seu reportório, de modas que ancestralmente estão, por exemplo, ligadas à relação das terras de Alva com as terras da Beira Douro (como “A chula”) e com as terras da Beira Vouga (como “O vira em cruz”).
Outras modas emblemáticas deste rancho são a “Moda nova”, “Macieira do adro”, “Cruita da macieira”, “Vira de Alva” e “Laranja ao ar”.

O rancho folclórico atual foi formado em 27 de setembro de 1990, tem a forma jurídica de associação sem fins lucrativos e é herdeiro de um outro rancho que existiu em Alva, entre 1960 e 1977. O grupo conta com uma sede no centro da povoação que inclui, no rés- do-chão, bar e espaço de apresentações e de ensaios e, no primeiro andar, um extenso espaço museológico etnográfico e de recordações das atuações e festivais que organizou ou em que participou. O Rancho Folclórico Morenitas de Alva é sócio efetivo da Federação do Folclore Português e filiado no INATEL, organizando, anualmente, o seu festival de folclore, o encontro de cantares ao desafio, cantares de janeiras e de reis de porta em porta, entre outras atividades.

A CHULA
Moda dançada em coluna e cantada ao desafio. Moda que remonta ao tempo das invasões francesas.

Boa noite meus senhores
Vai começar a questão
Desafio a cantadeira
Mesmo sem ter pau na mão

Não me metas tanto medo
Que me dói aqui dum lado
Canta-me com mais meiguice
Se me queres p’ra namorado

Se calhar não levo nada
Por estar a cantar contigo
Deixa-me continuar
Pelo menos teu amigo

Ainda não estou arrumado
Mas estou mole como um figo
Para ficar arrumado
Hei de me arrumar contigo

Deus te perdoe cantador
Tanta léria pouca obra
Sou cantadeira assanhada
Eu cá sou da pele da cobra

Eu namorado já tenho
E do meu peito bem pula
Eu quero deitar-te abaixo
Mas a cantar esta chula

Já te estás a dar às boas
Cantador arruinado
Eu julguei-te mais valente
Afinal estás arrumado

Vou terminar esta chula
Para não te envergonhar
Tu sofres do coração
E não te quero matar