Desde cedo que as águas das Caldas da Felgueira, no concelho de Nelas, deram nas vistas pelos resultados terapêuticos e obtiveram o respetivo reconhecimento. Conforme contam Deolinda Rocha e Carlos Alves, as suas caraterísticas faziam com que fossem muito procuradas por aquistas em busca de esperança de vida e de saúde. A água natural, que podia ver-se a correr livremente na rua, era uma alívio para feridas que, passados dois ou três dias, estavam curadas e também usada nos ‘banhos’ e em tratamentos como irrigações nasais, nebulizações ou aerossóis.
A estância afirmou-se como um importante polo dinamizador da região, atraindo até alguns “luxos”. Além de serviços como médico e barbeiro, recordam que aqui chegou a haver casino, cinema e uma rua onde os vendedores expunham, em barracas, os seus produtos.
Bem documentadas e com uma vasta riqueza histórica, a primeira referência a estas águas termais encontra-se nas “Memórias Paroquiais”, datadas de 1758, por encomenda do Marquês de Pombal, e dá conta de que “no ribeiro chamado das Caldas, lemite do lugar de Val de Madeiros, sohe a huma ilharga do sito ribeiro ágoa quente e súlfurea, que bebida tem feito bem a algumas obstruçõens de estômago, mas som pouco uzadas as ditas ágoas”. O documento atesta, assim, que já aqui era conhecida uma nascente de água quente e sulfúrea, indicada para males de estômago, que seria utilizada por pastores, que ali passavam com os rebanhos em transumância e saravam as feridas das patas dos animais. Já no final do século XVIII é registada a primeira utilização terapêutica, associando-se a água extraída de um poço à cura de uma doença de pele do Pe. José Lourenço.
Já com um percurso robusto, a 5 de Junho de 1887 deu-se mais um passo, com a inauguração do balneário, substituído por um novo centro, em 1997, que tem procurado ir ao encontro das exigências do setor e dos termalistas.