Numa época profundamente marcada por necessidades, a vida rural sustentava-se através da agricultura, mas apenas os maiores agricultores conseguiam ter uma ou mais juntas de vacas para executar as tarefas. Os mais novos eram desde cedo chamados a colaborar e nos poucos tempos livres que havia entretinham-se a brincar ao arco ou à corda.
Esta foi também a realidade que Justino Almeida da Silva, de Ribolhos, no concelho de Castro Daire, conheceu.
A sua infância e adolescência foram, no entanto, marcadas pelo avô, o mestre Albino, uma pessoa afável e um exímio contador de estórias. Era igualmente um aficionado da guitarra, com que chegou a acompanhar a fadista Hermínia Silva num espetáculo na Feira de São Mateus, em Viseu.
Entre as memórias que ficaram do seu avô está ainda o trabalho com o barro negro, desde a moldagem à cozedura que lhe conferia a cor escura. Conta Justino Almeida da Silva que, pronta a etapa da confeção, o mestre Albino carregava o burro – sobretudo com tachos, panelas e pequenas peças – e ia vender.