Os laços do matrimónio estreitaram a ligação de Celeste Almeida a Ribolhos, onde fixou residência. O contato umbilical com a “terra do barro negro” surgiu, no entanto, quando foi colocada na Escola Primária local, aqui tendo ficado a lecionar por 17 anos.

É neste contexto que, por diferentes razões, viria a conhecer três mestres oleiros de Ribolhos.

Do mestre Albino Ribeiro recorda a figura alta, magra, com os seus óculos fortes e a roupa escura, do mesmo tom dos sapatos bicudos. Sentado à porta de casa, as suas habilidosas mãos estavam sempre a dedilhar uma guitarra, mesmo que imaginária. O seu trabalho correu o mundo e levou-o à televisão em 1972, mas nunca deixou de ser o homem que ia pelas aldeias com o pregão: “Quem merca panelas?” A acompanhá-lo, o burrinho carregado com os pucarinhos, as panelas, as caçoilas e as tendeiras.

Tal como o mestre Zé Maria Rodrigues, tinha ascendência no concelho de Resende. Celeste Almeida não tem dúvida de que ambos continuam a ser “uma referência intemporal” da localidade” e que é a estes “dois nomes grandes” que se deve o epíteto de terra do barro negro atribuído a Ribolhos.

Já o mestre Adérito, um homem de sorriso permanente, não teve, para a docente, o reconhecimento que merecia. Era um oleiro, mas também um escultor, que, tanto na madeira como no barro, dava muita atenção ao detalhe. Como sabia do seu talento e arte, Celeste Almeida convidava-o, uma tarde por semana, a ensinar o seu mister aos mais novos e só a soenga não era feita na escola.

Com o aparecimento dos plásticos a ditar dificuldades para o ofício, os mestres viraram-se para os figurados, destacando-se o mestre Albino com a imagem do Infante D. Henrique; e o mestre Zé Maria nos crucifixos. Paralelamente, surgiam outros temas, como a vida do quotidiano, a serra, o pastoreio, a agricultura e a ruralidade retratadas na olaria.

“São tradições com muito valor e que nos trazem o passado até hoje”, realça a professora Celeste Almeida, que, no seu percurso literário, dedicou escritos e poesias aos mestres oleiros de Ribolhos.

Da história desta nobre arte, faz ainda parte, mais recentemente, o Mestre Jorge Ferreira, que a docente também abrange no seu testemunho.