01:42 [Gado] Anda lá. Vai embora. (…) Anda…Anda lá que ninguem te faz mal, anda (…)

03:51 [Parir] [Gado] Como é que é na hora de parir ? Vem cá o homem para ajudar não? Não vem ninguem?

03:54 [Parir] [Gado] Elas parem sozinhas.

04:37 [Gado] [Bezerros] [Corte]As vacas andam em cima, lá em cima ao pé do tanque. Agora os pequinitos, tenho três bezerritos. Estão aqui na corte, um está aqui e o outro está ali em frente. Os bezerritos eu mostro-vos, agora as vacas é como lhes digo, elas vêm para aí ao meio dia (…) Um vitelito pequenito (…)

05:04 [Gado]A Maria já nos que quem está com a vaca é a nora…

05:06 [Gado]Minha cunhada! A irmão do meu marido (…)

05:13  [Gado] A mulher do marido é que está agora com as vacas no campo,

05:17 [Gado] [Tanque] Lá em cima ao pé daquele tanque lá em cima, vocês vêm de cima para baixo, não têm um tanque grande? É ao pé desse tanque. E ela ficou lá com elas porque eu fui las lá levar. As nossas ficaram lá.

05:30 [Bezerros] Não querem vir aqui os bezerros.

05:33 [Bezerros] Não quer ver os vitelitos, os bezerritos? Filhos das vacas?

05:40 [Vitela] É uma vitelinha,

05:42 [Vitela]Já tem nome ?

05:43 [Vitela]Não. Não tem nome, elas sãp para vender.

05:45 [Vitela]Quando é que nasceu?

05:47 [Vitela]Há uns dois meses.

05:50 [Vitela]É para vender. E quanto tempo até vender?

05:54[Vitela] [Leite] Olhe que eu não sei, vamos a ver, Não sei se os vou aguentar outros dois meses. Depende agora do leite que as vacas dão. Se quer ver os vitelos pode ver os vitelos que eu não quero saber que você filme os vitelos.

06:18 [Vacas]E as vacas estão lá em cima, as mães.

06:26 [Vitelos]Tem dois meses, nasceu em Maio.

06:28 [Vitelos]Foi no fim de Maio.

06:32 [Vaca]Tão querida…. E nunca vai ao campo.

06:38  [Vitela] Não, isto não, isto agora se cá se ? fora a gente não piava? mais. Isto agora se fugisse por aí adiante a gente não ? mais.

06:47[Vitela] Está bem, está bem. Olha para isto, só quer é brincar…. Então está sempre guardada?

06:55[Vitela] Está, agora até vender, depois quando se vender vai embora.

06:59 [Vitela] Ah, está mortinha para fugir.

07:02 [Vitela] Ui (…) a gente não a apanhava mais. Ela agarrava-se, ela escabriava-se, ela pintava a caneca.

07:10 [Vitela] Tenha cuidado aí Maria, não vá ela escapar-se.

07:12[Vitela]Não escapa que a gente está aqui.

07:13[Vitela] Depois você nunca mais se esquece da Ana.

07:17 [Vitela] Era pragas que a gente recolhia.

07:20[Vitela] Não me diga isso.

07:21 [Vitela] Se o bezerrito fugisse e a gente não o caçasse mais era pragas…

07:25 [Praga]Então e conte-me lá, agora sem ser para mim, conte-me lá o que é que você fazia, que praga é que me rogava?

07:32 [Praga] [Bezerro] Rogava (…)eu para aqui aborrecer e agora o bezerro fugiu, o que é que eu vou fazer da minha vida? Vou -me embora buscar um molhe de comer para as vacas, vá. Já viram este?

07:45 [Corte] Já já, já está visto. Obrigada.

07:48 [Corte]Fecha-se-lhe a porta, que é para ela não fugir, está vista fecha-se.

08:02 Saúde!

08:03 Saúde também para vocês e boa viagem.

08:28 [Artistas] E então os senhores são de longe daqui?

08:31 [Artistas] Ele é de mais longe, ele é de Itália, o Gianfranco.

08:37 [Artistas] Mas nasceu em Portugal?

08:38[Artistas] Não, nasceu lá.

08:39 [Artistas] E sabe falar o português ?

04:40 [Artistas] Não, muito pouco. Eu sou de Lisboa, e eles os três é que são daqui.

08:52 [Artistas] Como é que se chama a senhora ?

08:57[Artistas] Arminda.

08:58 [Artistas] E a ? Alice.

09:17[Alice] (…) Ela até cantava muito, até na missa e tudo mas agora…

09:20 [Emigração] [França]Quantos anos é que esteve a viver em França?

09:22 24, [Emigração] [França]trabalhei com ? com a central do ?  (…) também já trabalhei com ? lá na maçonaria. Em França.

09:45 [Emigração] [Italianos]Conheceu lá muitos italianos?

09:46 [Emigração] [Italianos]Andavam lá muitos italianos, nessa maré, eu ia para o serviço que desse mais.

09:52 [Emigração][Italianos] Os italianos? É boa rapaziada?

09:55 [Emigração][Italianos]Não tinha que dizer, eram bons tipos, todas as manhãs iamos até ao café, tomar um café o e o que apetecia, depois iamos passar na ? todos.

10:08[Emigração][Italianos]  Os italianos também tomam café?

10:10[Emigração] [Italianos]Também tomam café, também. Aqueles tomavam os outros não sei. Depois a gente dava-se todos bem. Para já, naqueles batimentos mais grande a montar aquela ? eles eram espertos e ajudavam. Eu sózinho não podia fazer a manobra. Aquela manobra, é verdade.

(…)

13:42 [São Macário] Como é que é o São Macário?

13:43 [São Macário] O são Macário é para dar inteligencia à gente, à cabeça.

13:49 [São Macário] Portanto convém ir lá. Protege.

13:56 Quer-se  dizer, Dá finura, compreende? Em francês…(…)

(…)

15:24[Minas] Era o quê? Pó? Pedra?

15:25 [Minas]Aquilo era um pedra, blocos de minério, só uma é mais de 100 quilos.

(…)

15:52[Minas] [Segunda Guerra] [Salazar] Também, também, mas ali tinhamos, na segunda guerra mundial tinhamos.. os alemães em Rio Frade, e os ingleses em Regoufe. Eles estavam fora do teatro da guerra, e então estavam ali todos a trabalhar mas depois encontravam-se todos e faziam grandes festas, já havia cervejas em Rio Frade, já havia prostitutas, já havia quase barão. Era mesmo assim, havia ali um contexto que era muito avança para a altura do nosso … Salazar, o ditador S, era o SS, ele estava… conseguiu manter portual fora disso e era engraçado porque eles estavam aqui juntinhos, uma questão de três quilómetros.

(…)

19:23[São Macário] Que se fazia, chegava lá, e depois? A pé? Depois a São Macário, que coisa se fazia?

19:36 [São Macário]Eram as mais bonitas as de São Macário, agora tem muita gente… naquele tempo também se juntavam mas agora é muitos carros, é carros e carreiras…é um movimento… Não era só ao domingo, era no sábado e na sexta e na quinta (…) já começava a gente a passar para lá.

20:10 [São Macário]Cantava-se ?

(…)

20:24 [São Macário]A gente passava lá em baixo de uma lapa, você nunca lá foi?

20:30 [São Macário]Não passei, eu vi mas nunca passei.

20:34 [São Macário]Eu já lá passei muitas vezes (…) E até ficava sem ar. Agora (…) naquele tempo era.Já lá não vou há muitos anos.

20:53 [São Macário]Mas ele dormia ali, o São Macário?

20:58 [São Macário]Já lá não vou há muitoas anos ao São Macário. Mas quando era nova ia lá muito, ia lá todos os anos, a gente ia a caminhar.

(…)

21:20 [São Macário][São Macário]…nada impede, quando a gente é velhas (…) vocês vão ao São Macário com este calor, a caminhar?

21:36[São Macário] É complicado, com o calor é complicado andar até ali, e cantavam? Para o São Macário?

21:56 [São Macário] [Modas] Cantava-se as modas antigas, era outro tempo era. Eu lembra-me do tempo antigo…até fico meia desnorteada da cabeça, era um tempo muito bonito, agora é triste.

 

Durante uma semana em Julho de 2012, um grupo de artistas, cineastas e antropólogos trabalharam e partilharam metodologias e experiências relacionadas com o som antropólogico e com a criação de vídeo no âmbito do contexto da Escola de Verão de Nodar. Esta escola teve lugar nas magníficas paisagens da Serra da Gralheira no concelho de  São Pedro do Sul e este vídeo é uma das várias peças criadas em dois dias de trabalho de campo na aldeia de Póvoa das Leiras, concelho de São Pedro do Sul.