‘La Scatola’ é um projecto transdisciplinar que explora a noção de confinamento em múltiplas abordagens e trabalha sobre a zona de fronteira entre o ‘eu’ e o mundo exterior em situações de clausura. Podemos definir esta zona em termos puramente espaciais (“zona interdita”, “abismo”, “barreira”) mas também em termos de “fluxos energéticos” bidireccionais criados pela projecção sensorial e emocional da individualidade encarcerada no mundo exterior (dor, desejo, resistência, impotência, etc.) e da representação (idealizada, distorcida, difusa) desse mundo na mente e corpo do indivíduo encarcerado.

O projecto ‘La Scatola’ (‘a caixa’, em português) foi materializado de diversas formas, em função do contexto espacial onde foi apresentado e de colaborações com artistas de diversos domínios. Dado o “background” dos dois autores deste projecto, o foco em termos de materiais estará na performance corporal e vocal e na instalação sonora e vídeo.

No caso particular da residência em Nodar, procurou-se identificar as suas especificidades em termos de espaciais e humanos, bem como tipos de interacção social que configurem situações de clausura. A partir da selecção de alguns destes elementos, construiu-se uma instalação / performance específica para Nodar.

Rui Costa iniciou a sua actividade pública como artista sonoro em 1997. Em 1998 iniciou uma colaboração estreita com o músico espanhol Iñaki Ríos, ao nível da arte sonora, improvisação livre e criação vídeo, com o qual forma o duo ja_dijiste, utilizando técnicas de composição / improvisação baseadas em software (max/msp, etc.) e desenvolvendo vários projectos de cariz conceptual. Neste âmbito, refira-se o trabalho intermédia “Nodar”, apresentado em 2002 no festival Musica Ex Machina, em Bilbao, Espanha.

Manuela Barile é uma artista vocal e performer interdisciplinar italiana que habita em Portugal. Explora a voz nas suas várias expressões musicais e faladas, empregando técnicas vocais ocidentais e orientais, assim como outras da sua própria invenção, todas sem qualquer recurso a manipulação electrónica. O seu trabalho artístico consiste na combinação dos seus sons vocais com diferentes media (instalação, performances ao vivo, fotografia, vídeo, desenho, escrita). Através de simples acções quotidianas, Manuela Barile cria situações em que o artista é apenas um espelho, através do qual as pessoas podem projectar as suas experiências, memorias, medos, limites e contradições.