“A Esposa” é um filme documental poético que nasce de uma reflexão sobre a importância ancestral do casamento em contexto rural de montanha, particularmente dos ritos de passagem do próprio dia da cerimónia em que a noiva deixa para todo o sempre a casa onde nasceu e cresceu, rumo a um futuro incerto onde nada será como dantes. “A Esposa” teve por base uma investigação sobre múltiplos elementos do património imaterial ligado ao tema do casamento, efetuada na aldeia de Sequeiros (concelho de São Pedro do Sul), inclusive com relatos em primeira pessoa de mulheres que habitam a própria aldeia e cujas vozes aparecemno filme. O filme termina com uma canção tradicional gravada na paisagem natural de Manhouce com Isabel Silvestre e mulheres rurais.

Manuela Barile é uma artista italiana que vive e trabalha na região rural do maciço da Gralheira (S. Pedro do Sul) desde o 2006. Aqui desenvolve projetos em estreito contacto com as comunidades locais, tendo em conta aspectos específicos do território como a tradição, a memória, os símbolos e os rituais depositados no solo como marcas indeléveis. O seu trabalho artístico combina antropologia visual e sonora, documentário, vídeo arte, performanceart e performance vocal, tocando questões íntimas como a morte, a pobreza, o trabalho, a felicidade, a emigração, etc. A arte de Manuela Barile é uma investigação contínua sobre a realidade, sobre o estar no mundo, sobre a experiência pessoal. Usando como ponto de partidaa sua própria existência e a de pessoas comuns, o trabalho da artista é capaz de transformar a experiência individual num lugar de projeção colectiva. Como cantora, embarcou em 2001 num percurso pessoal na área da experimentação vocal aplicada à improvisação livre. A artista baseia-se no uso de “técnicas vocais estendidas” focadas na relação entre voz, corpo, paisagem sonora e propriedades acústicas dos lugares. Manuela Barile é presentemente diretora artística da Binaural/Nodar, uma organização cultural Portuguesa dedicada à promoção da arte sonora e intermédia em contexto rural. Os seus filmes foram exibidos em vários festivais: Australian International Experimental Film Festival, Cologne OFF, Optica, Video holica, Festival Internacional de Cinema de Camden (US), etc.

Sérgio Cruz é um artista/realizador português que vive em Londres. Inicialmente estudou som e imagem em Portugal e na Holanda. Posteriormente, com o objectivo de combinar o seu interesse pelo cinema, performance e arte plásticas, frequentou os mestrados em Artes Plásticas na Central Saint Martins e em “Dance for the Screen” na The Place-London Contemporary Dance School. Desde então, a sua prática artística tem sido devotada ao filme/vídeo enquanto meio para articular aspetos relacionados como gesto, criando para o efeito curtas metragens que também se relacionam com a natureza e com a humanidade. Sérgio Cruz ganhou diversos prémios entre os quais o de Jovens Criadores do Clube de Artes e Ideias – área de vídeo, o prémio FNAC Novo Talento no festival Indie Lisboa, o de melhor curta metragem no festival Tom de Vídeo 06 e o The Red Mansion Art Prize. Os seus filmes têm sido apresentados internacionalmente na televisão (por exemplo, como parte da série Three Minute Wonder do British Channel 4) e exibidos em festivais de filme e galerias de arte (incluindo a exposição coletiva Figuring Landscapes na Tate Gallery, Londres e a exposição individual na Art Claims Impulse gallery em Berlim).