Depois da ceifa, geralmente feita pelas mulheres, o centeio ficava a secar até estar pronto para ser malhado.
Esta era uma das ocasiões em que o espírito comunitário estava bem vincado. Em dia previamente marcado, era feita a chamada “À Eira”, e apareciam os trabalhadores, manhã bem cedo ou até de madrugada, pois tratava-se de uma tarefa exigente e prolongada e em que era necessário evitar as horas de maior calor.
Seguia-se o transporte dos fardos no carro de vacas até à eira, onde estes eram abertos e espalhados pela pedra.
Três homens de cada lado, vão, alternadamente e com um ritmo cadenciado, batendo com os manguais no cereal e percorrem toda a eira malhando o centeio, de modo a assegurar a separação do cereal. Pelo meio, com recurso a uma forquilha ou um ancinho, a palha vai-se mexendo e levantando ao vento, para ajudar o grão a soltar-se.
No final, a palha reunia-se em medas, sendo aproveitada para alimentar ou fazer a cama ao gado ao longo do ano. Já o cereal era guardado ou seguia para o moinho para ser transformado em farinha, a base da confeção de pão de centeio ou da broa de mistura.
O documento audiovisual parte de uma recolha feita em Campia, no concelho de Vouzela, e recria a tradicional malha do centeio, tão caraterística na região.
Perante uma significativa moldura humana, na iniciativa não faltou a merenda com os produtos endógenos, e a animação que findava os trabalhos agrícolas da época.