/Som, arquitetura e paisagem / Imagina, estás num espaço completamente novo, tudo o que está à volta está a ser visto e ouvido pela primeira vez. Consegues reconhecer alguns sons e elementos da natureza mas a sua composição é de um outro mundo, de uma outra história. A tua primeira impressão é que é tudo tão silencioso e vazio, até que começas realmente a trabalhar sobre isso, tentando encontrar inspiração nos detalhes à tua volta. Depois consegues memo surpreender-te, visto que passado algum tempo, neste espaço especial e maravilhoso, consegues aperceber-te que o espaço vazio está cheio de elementos particulares e mágicos e que o silêncio é uma canção interminável composta por instrumentos sublimes. Na realidade tu és um deles.

/Tentando encontrar o nosso espaço/ Este trabalho foi, na verdade, um passeio. Um passeio e uma conversa acerca do que nos rodeava. Durante o processo tentámos associar duas perpetivas diferentes e decidimo-nos por criar algo em conjunto. Assim, este trabalho é também acerca de nós próprias. Estamos a apresentar o nosso modo de pensar acerca desta área em Portugal. O principal objetivo deste processo de trabalho foi decidir qual que partes desta paisagem iriamos utilizar. Escolhemos apenas uma parte, o terraço, um espaço verde da paisagem moldado pelo homem, provavelmente propriedade de algum dos habitantes da aldeia. Porém, neste trabalho apoderámo-nos dessa porção de espaço e tornámo-la nossa.

/O nosso espaço/ 50 metros quadrados de paisagem Portuguesa/ Usámos apenas alguma corda para pôr à volta do local escolhido proclamando assim como nosso. Depois o próximo passo foi fazer dois círculos à volta do espaço. Cada uma de nós fez um dos círculos e gravou o som da corda delimitadora do nosso espaço, em suma obtivémos o som dos nossos passos durante a execução do círculo, sons naturais da aldeia e algum tipo de ruído da corda segurada pelas nossas mãos. Deste modo, eramos, na verdade, instrumentos interativos a emitir o som com da intervenção humana na paisagem através linha delimitadora.

/Casa sem casa/ Dentro do nosso espaço instalámos uma câmara que gravou a vista a partir da nossa perspetiva, tal como se fosse a partir de uma janela sem janela, na realidade. Uma espécie de contrução mas apenas imaginária.

/Sequência de Movimentos/ Por fim, usámos a documentação das nossas ações e juntámos fotos da execução dos círculos que fizémos umas às outra, como se fosse um livro. A sua forma é muito importante porque nós escolhemos um tipo especial de livro- uma harmónica que se pode abrir e, assim, criar-se uma nova forma e espaço. Quando aberta completamente adquire de novo a forma de uma linha, como no início.
Da linha ao círculo. Do círculo à linha.
Uma metáfora da ligação interminável entre nós e a natureza.