O concelho de Sever do Vouga está situado numa região fértil e abundante em água, na transição, a leste, entre os maciços serranos da Beira Alta e, a oeste, o troço final do vale do rio Vouga antes de entrar na ria e, posteriormente, no oceano atlântico. Estas características geomorfológicas seguramente foram importantes para que, desde tempos ancestrais, o território tenha sido ocupado pelo ser humano, o que é atestado pelas diversas sepulturas megalíticas tais como a necrópole da Cerqueira ou a anta da capela dos Mouros, em Talhadas. Por outro lado, na Ereira ainda é possível detetar a existência de um troço da importante estrada romana que ligava o litoral da península ao resto da Península Ibérica e daí até Roma.

A origem do topónimo Sever estará ligada à conquista visigoda de parte do território que hoje compõe Portugal e ao reconhecimento da sua importância pelo rei dos Visigodos, Teodorico II, o qual ofereceu ao seu irmão Severi uma parte do território conquistado. Este terá fixado a sua morada nestes domínios, os quais eram designados por “Terrae Severi”, ou seja, “Terras de Severi”, antecessor quase seguro do topónimo Sever.

O rei D. Manuel I concedeu carta de foral a Sever do Vouga em 29 de Abril de 1514, tornando autónomas do rei as suas gentes. Esta autonomia administrativa é evidenciada materialmente pela existência de um pelourinho construído em granito ainda existente. Nesse tempo Sever do Vouga já era paróquia, passando igualmente a ser concelho, até aos dias de hoje.

O Rancho Folclórico de Sever do Vouga foi fundado em 15 de Outubro de 1977, tendo sido o seu principal impulsionador o senhor Flávio Martins Bastos, que era tocador de concertina e de quem os membros do rancho guardam gratas recordações pelo seu dinamismo e capacidade de mobilização. A primeira atuação pública aconteceu a 2 de Julho de 1978, por ocasião da conhecida festa da Nossa Senhora da Boa Viagem, nos Padrões (Sever do Vouga).

O Rancho Folclórico de Sever do Vouga efetuou um extenso trabalho de recolhas etnográficas, musicológicas e dos trajes usados no passado, muitos ligados às profissões típicas da zona, como os trabalhadores do campo, o resineiro, o serrador, o mineiro do Braçal, o barqueiro do Vouga, a carquejeira, a tecedeira, a fiandeira, a assedadeira, a leiteira, o serraninho, o feirante e negociante de gado, a doceira e a tremoceira.

As danças e cantares interpretados pelo rancho estão associadas a momentos no contexto da vida comunitária de outros tempos, como as fainas agrícolas, as desfolhadas, as espadeladas e, nas tardes de domingos e dias santos, durante as idas e regressos das muitas romarias que existem na região.

O Grupo de Cantares de Sever do Vouga deriva diretamente do rancho, sendo um grupo vocal misto, formado por cerca de dez elementos que cantam a três vozes: “primeira voz”, “segunda voz” e “falsete”.