Carvalhal e Vermilhas são aldeias tipicamente caramulanas, localizadas a cerca de 10 km da sede do concelho de Vouzela, ocupando apenas 8 km2 de área. Situam-se na Serra do Caramulo tendo a delimitá-la as freguesias de Cambra, a norte, Fornelo do Monte, a nascente, Alcofra, a poente, e Silvares a sul, todas elas pertencentes ao concelho de Vouzela, à exceção da última, que integra o concelho de Tondela. A freguesia pertenceu originalmente ao concelho de Lafões, tendo este sido extinto, por decreto de 26 de Maio de 1834, passando a fazer parte do concelho de Vouzela.

Estas terras altas, onde por longos invernos a neve era uma constante, são marcadas a nível de agricultura e pecuária, pela presença ancestral do cultivo do centeio e pelos rebanhos de ovelhas, aproveitando os vastos terrenos baldios da serra. Por exemplo, a própria organização arquitectónica e urbanística da aldeia de Vermilhas indicia esta relação dupla, pois o casario situa-se na parte inferior, junto à estrada, mas a atividade agrícola e pecuária tem o epicentro na zona alta dos “currais”, onde se situam quer as eiras e palheiros quer os currais dos animais (ao contrário de muitas outras aldeias onde os currais se situam na parte inferior das casas de habitação). Inclusive era comum os habitantes guardarem o gado na serra, em currais de verão que ainda hoje se podem encontrar dispersos por vários pontos.

O Rancho Folclórico de Carvalhal de Vermilhas foi fundado por um conterrâneo, já falecido, José Ferreira da Costa, mais conhecido por todos como o Ti Zé do Terreiro. O Rancho teve o seu início nos anos 40. Em 1945 fez a sua primeira atuação em Ventosa, aldeia bem próxima de Vouzela. Fora do concelho, atuou, pela primeira vez, na Feira de S. Mateus. Aí o Dr. Pedro Homem de Mello (poeta, professor e folclorista português) afirmou que pouco conhecia do rancho de Carvalhal de Vermilhas. No entanto, no segundo encontro já dizia que “o rancho humilde de Carvalhal de Vermilhas era um dos mais notáveis do país”. Afirmou ainda que “os trajes espelhavam com autenticidade as raízes culturais da sua terra”. Os homens com a sua camisa de linho, o chapéu de abas largas ou o gorro, as calças e colete de burel; as mulheres usavam as saias de merino, pregueadas, a blusa de linho com a sua renda, o colete de cores garridas e ainda o avental de lã, tecido nas proximidades. A acompanhar, a capucha caramulana, indispensável desde os tempos mais remotos, particularmente em dias de frio e neve.

O Grupo de Cantares de Carvalhal de Vermilhas surge na década de 90, no contexto do rancho folclórico, tendo começado a participar em vários encontros promovidos pelo município de Vouzela. As Janeiras e o Amentar das Almas são os dois eventos que mais se destacam.

O grupo retrata com fidelidade os cantares polifónicos serranos ligados a um passado digno de memória, vivido entre a ceifa e a malha do centeio, a irrigação do milho verdejante a pastorícia, e pretende perpetuar a identidade e a cultura do povo beirão; um povo que se orgulha da aldeia onde nasceu e das suas tradições culturais. O seu vasto repertório contempla não só as cantigas de cariz profano, mas também religioso.