Da preparação da terra para a sementeira à confeção dos tecidos, o linho requer um processo demorado de tratamento. Em Cambra de Baixo, Ana Almeida guarda alguns dos instrumentos necessários e fala-nos de algumas dessas etapas.
O arranque, o maçar, o tascar e o fiar faziam parte deste ciclo, acompanhado geralmente de cantares próprios que animavam as aldeias. O mesmo acontecia com o cortiço, que era usado como apoio para bater, de forma ritmada, a meada do linho, de modo a separar as diferentes fibras. A espadela permite, assim, a retirada dos tomentos, mais grossos e ásperos, que eram usados para encher os colchões. Sobrava ainda a estopa, de caraterísticas intermédias, com que se faziam sacos. E, por fim, o linho, o material mais nobre.
Ainda antes de passar ao tear, enchiam-se as canelas que iriam ser utilizadas na lançadeira, uma tarefa que muitas vezes era confiada aos mais novos.
Ana Almeida guarda diversos teares, um dos quais com mais de 200 anos. Aquele em que está a trabalhar, no entanto, é mais recente, tendo sido construído especificamente para si. A armação, os órgãos, os mecanismos do pente e dos liços e as queixas são alguns dos componentes da estrutura, conforme explica.
Depois de urdir a teia, é preciso empeirá-la no tear, uma tarefa que “exige muita atenção para não ter de desmanchar”.
Neste caso específico, a tecedeira confeciona um tapete de lã tecido em algodão. A lançadeira que percorre a trama e assegura o cruzamento dos fios, que são batidos com o pente acionado por três das quatro apeanhas do tear. Para fazer os desenhos, vai realizando uns puxados levantando, com o auxílio de um ganchinho, a lã. E, novamente, o pente cumpre a sua função, fixando a trama.