O Grupo de Cantares de Fataunços é constituído, presentemente, por 20 elementos com idades compreendidas entre os 47 e os 92 anos e existe há 16 anos.
Nessa altura, aos domingos à tarde, era costume um convívio entre várias pessoas na sede da Associação Dr. Amorim Girão, em que havia sempre quem levasse um bolo, fazia-se chá, lanchávamos, fazíamos jogos, cantávamos, dançávamos e assim se passavam tardes bem agradáveis. A dada altura, resolvemos organizar uma festa e um grupo dessas pessoas cantou no palco. Correu bem, foi engraçado e a partir daí pensámos que seria interessante formarmos um grupo mais a sério e convidámos outras pessoas da freguesia a participar. Assim aconteceu, arranjámos um acordeonista e foi em Julho de 2000 que tudo começou.

Recolha de canções, ensaios e, a partir daí, começámos a disponibilizar-nos para ir cantar a Lares da 3ª idade da região. O Grupo foi constituído, essencialmente, para proporcionar aos idosos nos lares uma tarde de domingo diferente. Para eles cantamos e com eles dançamos. É uma alegria a nossa presença. Vamos de graça mas vimos felizes em troca do sentimento de bem-fazer.

Em Setembro de 2011, a convite da Casa de Lafões, atuámos em Lisboa, na Praça da Figueira. Também já fomos a Fátima e à Figueira da Foz, além de outros locais dos distritos de Viseu, Aveiro e Guarda. Costumamos, também, participar nas Marchas Populares no mês de junho. Contamos com 16 anos nos “Cantares de Janeiras” e algumas outras atuações, na Alameda, em Vouzela. Para fazer face a algumas despesas, a única receita provém de cantarmos Janeiras de porta em porta, o que para nós é muito engraçado. Somos sempre muito bem recebidos, além de mantermos uma tradição bem antiga.

Enquanto responsável pelo grupo, o momento mais marcante da sua história foi em Oliveira do Bairro. Num lar, embora de idosos, encontrámos uma jovem, de nome Marilisa, que foi atropelada quando era pequena. Não anda, está numa cadeira de rodas e só me pedia para dançar com ela na cadeira. Foi o único dia da minha vida em que eu cantava enquanto as lágrimas me saltavam dos olhos e escorriam cara abaixo. Foi duro e nunca mais vou esquecer. Fiquei com o telemóvel dela e ficámos amigas. Quando ela faz anos, enviamos-lhe um cartão de aniversário assinado por todos e algumas vezes falamos pelo telemóvel.

Num lar do Caramulo está outra jovem com algumas perturbações mentais que é de cá de Fataunços. Depois de uma atuação perguntei-lhe: então gostou? Ela agarrou-se a mim, deu-me um grande abraço, beijos e disse-me: “ó minha querida senhora eu não gostei, eu adorei”. Como é gratificante!…