Entrevista ao artista Norte-Americano Steve Peters, no contexto da residência artística “Divina Sonus Ruris” organizada pela Binaural/Nodar em 2011 e dedicada aos sons do sagrado no maciço da Gralheira São Pedro do Sul.

Steve Peters, oriundo do Seattle (estado de Washington) fala do processo de trabalho que coincidiu na sua peça final, o qual envolveu a visita a cemitérios das aldeias, a igrejas e capelas locais, concebendo um género de hino contemporâneo com reminiscências ligadas cânticos dos mosteiros medievais.

Steve Peters propõe um trabalho sonoro combinando os seguintes elementos: gravações de campo de sons ambientais e do toque dos sinos das capelas, ambos captados na freguesia de São Martinho das Moitas; processamentos electrónicos de alguns desses sons; textos falados por habitantes que evocam a paisagem regional, constituídos por nomes de habitantes falecidos e nomes de plantas e animais locais, alguns cantados em latim. Esses vários elementos serão tecidos em conjunto para criar um retrato sonoro sugestivo da paisagem regional e da relação humana colectiva a esses lugares através da linguagem.

Steve Peters (n. 1959) faz música e som para uma grande variedade de contextos e ocasiões usando gravações de campo, objectos naturais e encontrados, electrónica, vários instrumentos musicais, e texto falado. Atento às nuances subtis da percepção e dos lugares, o seu trabalho muitas vezes é site-specific e tende a ser contemplativo. Steve Peters participa em projectos como membro da Seattle Phonographers Union, e também trabalha como produtor freelance, escritor e curador. Desde 1989 tem sido director de Nonsequitur, uma organização sem fins lucrativos que realiza eventos de música experimental e arte sonora, actualmente através do Ciclo de Música Wayward no Chapel Performance Space, em Seattle.