Numa casa da Rua da Ponte, em Vouzela, escreveram-se algumas páginas da história do Pastel de Vouzela.
Vítor Correia era ainda um jovem de 14 ou 15 anos quando começou a ajudar o pai e o tio na confeção da iguaria, primeiro na garagem da habitação, com recurso a três ou quatro lonas onde a massa secava. Mais tarde, os dois irmãos, que seguiam os ensinamentos de uma senhora da vila, a Teresinha do padre, transformaram dois salões do andar de cima e ampliaram o negócio.
Quando os dois irmãos seguiram caminhos diferentes, o pai de Vítor e Manuel Correia manteve-se no negócio com a esposa e “os filhos tentavam ajudar no que conseguiam”.
Com o falecimento do progenitor, Vítor, que estava na altura na tropa, seguiu-lhe as pisadas, em 1992. O irmão, mais novo, depois de ter tentado apostar mais nos estudos, juntou-se ao desafio. Mais tarde, em 2007, como sócios, criaram a Vouzelpastéis e construíram um pavilhão na Zona Industrial do Monte Cavalo, que permitiu expandir o investimento.
O Pastel de Vouzela, um doce “com caraterísticas únicas e requintado”, que encerra “um segredo que está nas mãos de três famílias atualmente”, “é mais do que um trabalho”, conforme faz questão de frisar Manuel Correia.
Tendo quebrado as fronteiras da região e de Portugal, trata-se de “um trabalho manual e minucioso e um ex-libris da vila”, garante o irmão, notando que são necessárias “muitas horas para concluir cada etapa”, desde esticar e apanhar a massa, que serve de base maleável, preparar o folhado e o recheio, “cada um tem o seu ponto próprio e humidade”.
Fruto de “muita dedicação e esforço”, o resultado é um pastel que “é um motivo de orgulho” e que conquistou várias medalhas de ouro em concursos nacionais de doçaria.