Rafael Bresciani é natural de São Paulo, no Brasil, mas reside há quatro anos em Itália, país de onde os seus antepassados saíram para se fixarem em terras de Vera Cruz. O artista começou por exercer jornalismo, mas enveredou pelo trabalho com o som, incluindo áreas como a música e a composição.
A representação de dados e a interação homem-máquina foram outros dos vetores em que debruçou a sua pesquisa, a que deu uma dimensão mais pessoal através dos estudos de imigração. “O ir e voltar, o tempo e o espaço geracionais, que vão além do tempo de vida da pessoa” foram alguns dos pontos de partida para outras perguntas. “Porquê que as pessoas decidem sair?”, questiona.
As expetativas, o desconhecido, a esperança e a busca por uma realidade diferente estão presentes nestas narrativas que Rafael Bresciani explorou, através do contato com diferentes lugares e povos. É neste contexto que surge também o projeto “Caminho pro mar” e, decorrente deste, o “Mares de Morros”, que o artista trouxe à região no seguimento do desafio lançado pela associação Binaural Nodar.
A oportunidade permitiu-lhe transitar esta ideia para as migrações portuguesas, de que o Brasil também é exemplo, e curiosamente, voltou a encontrar em Vouzela os extratos e o relevo da paisagem que inspiraram “Mares de Morros”.
Embrenhado na história de migração da sua família, que saiu de Itália para o Brasil, para regressar cinco gerações depois, o trabalho feito na região trouxe novos apontamentos sobre os movimentos populacionais, a expectativa da esperança e a migração como força social, geracional e, simultaneamente, particular e pessoal.