A subida à Meruje, na Serra do Caramulo, e o aguar das ovelhas, na madrugada de São João, são algumas das tradições que Noémia Rodrigues, residente em Vermilhas – Vouzela, ouviu a mãe contar e que a marcaram.

Como que a pedir um bom ano de pasto e proteção para o gado, os pastores, cada qual com o seu farnel, reuniam-se junto à água que se acumulava nas presas para darem banho aos animais, formando carreiros para que estes não fugissem.

Os recursos económicos das famílias podiam ser poucos, “mas havia muita alegria”, recorda, com saudade, referindo-se às suas vivências de juventude, pautadas pelos bailes em casa da dona São, onde se faziam as danças de roda, ao som da gaita de beiços. Os cantares acompanham o ciclo de cultivo das terras e o pastoreio, sendo sinal do espírito de entreajuda que marcava a comunidade.

Depois do 25 de abril, nota Noémia Rodrigues, a realidade alterou-se, quando deixou de ser possível viver apenas das coisas que se produziam, o que levou a um fluxo migratório considerável e à saída dos mais jovens em busca de melhores condições de vida.

Apesar do envelhecimento populacional – com a média de idade da população a ultrapassa os 70 anos – não tem dúvidas de que a sua “aldeia é especial”, pela vegetação lindíssima e pela riqueza do património.