Joaquim Pereira nasceu em 1956, em Vale de Matos, no município de Castro Daire.
Desde tenra idade – teria “uns sete ou oito anos” –, habituou-se a ir com o pai para a azenha, o tradicional lagar da aldeia onde a mó era ainda movida por uma vaca.
O equipamento abria portas em dezembro, um pouco antes do Natal, e interrompia a atividade pelas festividades, regressando após o Ano Novo e mantendo-se enquanto houvesse azeite para produzir, geralmente até fevereiro.
Nesse período, trabalhavam todos os dias duas pessoas no lagar e Joaquim Pereira chegou a ser um dos funcionários, ajudando o proprietário, António Monteiro.
O labor, recorda, era “agitado” e muito exigente, prolongando-se das 3 da manhã e até por volta das 5 da tarde. Era preciso acender a fornalha para a água aquecer, acartar a azeitona para o piso superior e subir e descer a trave em que esta era conduzida ao moinho, onde, após duas ou três horas, era transformada em pasta e enseirada.
Já na prensa, era caldeada para separar o azinagre do azeite, que, já limpo, era conduzido até à última tarefa. Depois de medido, “por cada 10 litros, um ficava para a casa”, relata o antigo colaborador.
Joaquim Pereira recorda ainda que a tradição mandava que, quem fosse fazer o azeite, “levasse umas postinhas de bacalhau, que se faziam com batatas assadas” e ajudavam a aliviar o rigor do trabalho.
Estas e outras histórias, defende, deveriam fazer parte de um futuro museu, recuperando a traça do edifício e passando o testemunho às gerações mais novas.