Nascido em 1984, em Nodar, Fernando Várzea mantém viva a tradição da criação de bovinos da raça arouquesa no concelho de São Pedro do Sul. 

Começou, desde novo, a seguir as pisadas do pai, Laurentino, de 58 anos, que conciliava a atividade com a profissão de cantoneiro. Já a mãe, Fernanda, era doméstica. 

A família sempre viveu na aldeia, um lugar que, apesar de “ter pouca gente”, considera “especial”. Há seis casas habitadas durante o ano, a que se juntam várias famílias no verão. “Ganha-se pouco mas é uma alegria”, nota. 

Fernando Várzea estudou em Sequeiros até ao 6º ano e ingressou, depois, no liceu em São Pedro do Sul, mas não chegou a concluir o ano letivo. Reconhece que “não gostava daquilo”. 

É certo que eram os animais que prendiam a sua curiosidade e dedicação. A avó deu-lhe a primeira cabra e foi juntando dinheiro para comprar mais. 

Atualmente, a par dos pequenos ruminantes, tem 12 vacas; dois bois, que usa nas chegas e para cobrição; e mais dois exemplares comprados. A arouquesa é a sua raça de eleição, por ser “a melhor e mais resistente”. Habituado a estas lides, já sabe identificar quando há problemas. 

O agricultor também recorre à força dos animais para o trabalho, nomeadamente quando precisa de passar o estrume, mas diz que “o vagar por vezes é pouco”. 

Apesar da sua paixão por esta tradição, lamenta que a atividade esteja em declínio, com muitas pessoas a desistirem. 

Ainda assim, continua a aproveitar as feiras para fazer algum negócio, havendo eventos em que faz questão de marcar presença, como a Feira de Cabril, a 22 de cada mês; no Picão, no último domingo do mês; e na Feira de Cêtos, a cada primeiro domingo; além dos certames anuais, sobretudo nos meses mais quentes. 

As chegas de bois são outro dos temas relatados, com o criador a explicar como se processam estas iniciativas e como são apurados os vencedores.