Face aos muitos atropelos que se verificavam nos baldios de Rebordinho, Celestino Tavares tentou, ainda na década de 70, ajudar a alterar o sistema de gestão dos terrenos, então assumida pela Junta de Freguesia de Campia. Conta que a primeira abordagem foi “com panos quentes, mas não resultou”. Chegou a ser feita uma primeira reunião dos compartes, após a afixação da convocatória por parte da autarquia local, tal como a lei obrigava, mas alguns obstáculos burocráticos levaram a que o processo não fosse avante.

Perante constantes ocupações abusivas e a sinalização de mais madeira para abate, em 1994, a abordagem já foi diferente, conta-nos. Após nova convocatória, teve lugar, na véspera da venda “de dois ou três lotes de madeira em hasta pública”, uma assembleia de compartes. No dia seguinte, um mandatário e duas testemunhas apresentaram-se na sessão e suspenderam a operação.

A partir daí, os primeiros órgãos sociais eleitos da assembleia de compartes, que também integrou, assumiram a gestão direta dos baldios de Rebordinho e Malhadouro, um património florestal muito rico, cuja área é das maiores do distrito de Viseu.

Uma das preocupações, sublinha Celestino Tavares, foi começar a trabalhar “sem melindrar a Junta de Freguesia de Campia”.

“Em oito meses, abrimos 11 quilómetros de caminhos florestais, para facilitar o combate em caso de incêndios”, recorda. Foi ainda celebrado um acordo com a Câmara de Vouzela, passando o aterro sanitário a localizar-se, de forma transitória, junto às Cavadas, e em troca foi alcatroada uma estrada até ao local.

O transporte de crianças, a atribuição de subsídio para os bombeiros, a cedência de lenha para as escolas e a compra de uma cisterna foram outros dos investimentos. Fez-se também um tanque para uso em caso de incêndio, havendo, atualmente, três infraestruturas deste género.

Após uma desavença com outros elementos do Conselho Diretivo, Celestino Tavares apresentou a demissão, mas continuou, por fora, a acompanhar o trabalho feito.