Depois de uma primeira tentativa para a formação da Assembleia de Compartes dos Baldios de Rebordinho, que posteriormente viriam a aliar-se aos do Malhadouro, foi o fato de a Junta de Freguesia de Campia ter colocado à venda um grande lote de madeira, no Soutinho, que levou a comunidade a agir. Sendo um baldio grande, com mais de 300 hectares, a população insurgiu-se por considerar que os rendimentos não eram investidos na aldeia.
Aventino Pereira foi um dos pioneiros. Devidamente mandatado, foi com Amadeu Soares entregar, à Junta, o documento que inviabilizava o negócio. Corria o mês de março de 1994.
Aprovada em votação, garante que “foi um processo pacífico”, com sete elementos a assumirem os órgãos sociais. Movido pelo espírito de “carolice” que pauta os dirigentes, Aventino Pereira nota que tem feito parte dos sucessivos órgãos.
Os primeiros trabalhos na povoação incluíram a limpeza de aceiros, a abertura de caminhos e o alargamento de quelhas, sempre com boas relações com a Câmara de Vouzela, nota. Mais tarde, com a exploração das pedreiras, que diversificou as fontes de rendimento, foi feita a Casa dos Compartes e a aquisição da antiga escola primária, entre outras apostas.
Com o passar dos anos, o próprio baldio mudou, tendo os pinheiros sido substituídos por eucaliptos, uma transformação que, em grande parte, foi provocada pelos fogos. Ainda assim, para o responsável não se pode descurar a preservação deste precioso bem que é o território. Aventino Pereira desafia, por isso, a comunidade a participar mais nas assembleias e a manter o elo de ligação com o organismo que tem como principal intuito o bem comum.
Entrevista realizada no âmbito do projeto “A Valorização dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro”.
Uma coprodução entre a Binaural Nodar e a Comunidade Local dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro, com o apoio do Município de Vouzela e da Junta de Freguesia de Campia.