António Pereira começou a trabalhar com o pai e os tios na construção civil. Tinha 18 anos. Foi com eles que aprendeu a arte de pedreiro, a que deu início em Moçâmedes, no concelho de Vouzela, aldeia onde acabaria por casar e constituir família.

Da freguesia de São Miguel do Mato recorda o início da construção da Igreja Nova de Moçâmedes, em 1954.

Motivado por tão ambicionada obra – a Igreja ‘velha’ ficava distante da povoação e o caminho era ruim, afastando assim os fiéis com mais idade –, o povo foi contribuindo com os bens de que dispunha e que eram, posteriormente, leiloados para se conseguir angariar dinheiro para a causa. Eram os chamados cortejos de oferendas.

Para este movimento em muito contribuiu o papel do Padre António de Almeida de Oliveira e Silva, a quem António Pereira fazia muita companhia enquanto visitava os paroquianos.

Já no terreno estavam o mestre José, responsável pela obra, e o encarregado, que seguia a planta do edifício. Uma camioneta vinha descarregar os materiais, recorda António Pereira, explicando que “era tudo trabalhado à mão porque não havia máquinas”. Enquanto uns picavam a pedra na pedreira, outros trabalhadores permaneciam na empreitada para fazerem a cantaria.

A pedra, lembra, vinha em tosco e era preparada na eira. Posteriormente, com um guincho à manivela e com a força de braços, era erguida até ao local próprio. Um pico, o maço, cinzéis e picolas ajudavam a dar a forma à pedra e fazem parte das memórias de António Pereira, que terminou a atividade profissional aos 62 anos, também na aldeia de Moçâmedes.