Aida Nogueira nasceu em outubro de 1937, em Sedielos, concelho da Régua e distrito de Vila Real. Lembra-se bem da escola, onde “havia muita gente”.

Aos 9 anos foi fazer a vindima ao Douro para ganhar dinheiro para a viagem até Lisboa: 100 escudos. Já com 10, a avó meteu-a no comboio, sozinha, e, à chegada à cidade, tinha os tios à espera.

Foi servir para uma quinta, mas recorda que passou muita fome, algo que na sua terra nunca tinha acontecido. Aos 11 anos escreveu à avó, que foi em seu auxílio e a curou da fraqueza em que se encontrava.

Mais tarde, já por volta dos 18 anos, foi trabalhar para os Armazéns dos Vinhos, a lavar garrafas. Encontrou um ambiente “de paródia” e na empresa viria a conhecer o marido.

Estabeleceram-se na terra do companheiro, em Macieira, no concelho de São Pedro do Sul, e o casal teve sete filhos, alguns dos quais nascidos em casa.

Sendo o marido doente, Aida Nogueira recorda que teve de batalhar muito para cuidar da família. Durante 12 anos, andou pela serra a vender sardinha e andava três horas a pé para cada lado, até Gourim, Regoufe e Drave, “com duas caixas de chicharro numa lata”. Pelo caminho de regresso, trazia uns tocos de madeira para acender o lume e aquecer.

Com uns filhos pela mão e outros ao colo, também ia com o gado para o monte.

Naquele tempo, recorda, não havia eletricidade e usavam-se candeias a petróleo, com azeite ou pez.

A água ia buscar-se à fonte, enquanto a roupa se lavava no rio, onde se batiam as mantas e se punham as peças a corar.

Apesar das dificuldades, era uma vida alegre, garante Aida Nogueira.