Manuel de Almeida foi criado pela mãe e pela avó em Souto de Alva – Castro Daire, e só conheceu o pai com 25 anos, quando já esperava o primeiro filho. Eram pobres, a vida era difícil, mas garante que não passou fome. Apesar da sua compleição franzina, em criança já andava com os animais nos campos e aos 12 anos já lavrava a terra com a charrua puxada pelas vacas.
Daquele período pautado pela “muita união entre as pessoas na aldeia”, recorda as festas que eram as segadas, com concertinas e gente a cantar.
Foi durante a tropa, em Lisboa, que se enamorou da esposa, com a qual teve a primeira filha ainda antes de emigrar.
A necessidade obrigou-o a procurar melhores condições de vida em França, para onde partiu no final de agosto de 1978. Ao primeiro contrato sucedeu-se um outro, de cinco meses, tendo Manuel de Almeida levado a companhia consigo, enquanto a filha ficou a Portugal.
A esposa, que conseguiu um carimbo no passaporte na fronteira como turista, foi para Paris e Manuel ficou na aldeia, a 50 quilómetros, a trabalhar na área agrícola. Encontravam-se aos fins-de-semana.
Em 1982, após conseguirem os “papéis”, já se instalaram juntos na capital francesa e assumiram funções como porteiros do prédio onde viviam.
Além das boas memórias, Manuel de Almeida pensa, hoje, que se calhar “deveria ter ficado mais tempo”, mas problemas de saúde e as constantes saudades de Portugal contribuíram para o regresso, em 1996.