As melhores condições de vida, as oportunidades em termos de formação e a segurança foram alguns dos motivos que levaram Jeniffer Cabral, de 36 anos, a vir de Santa Catarina, no Brasil, para Portugal. Trouxe o filho e o ex-marido – para não deixar o seu benjamim longe do pai – e fixou-se em Vouzela, terra onde o irmão já vivia.
“A adaptação foi difícil e a vontade de voltar para casa ainda está muito presente”, confessa, explicando que sobretudo o filho “ainda não entende que para o futuro dele vai ser muito bom”. O ensino mais avançado face à realidade brasileira e a possibilidade de aprender outras línguas e de frequentar a faculdade são algumas das vantagens que enumera, mostrando-se muito esperançada, até porque ainda só passaram seis meses e “é tudo recente”.
Jeniffer Cabral diz mesmo que “e os pais e as irmãs estivessem cá, “nem passava em voltar”. Sendo proveniente de uma família “muito cúmplice e unida”, a distância faz com que sinta muito o isolamento, até porque o pai do filho trabalha fora e só vem ao fim-de-semana. Ainda assim, quer aproveitar para “conhecer novos lugares, conhecer coisas novas, ter melhor qualidade de vida e dar ao filho um lugar tranquilo para viver”. Ajudar quem ficou no Brasil ou até, quem sabe, trazê-los para cá também está nos seus planos.
“O processo não é fácil, mas a esperança é a de ter uma vida realmente melhor. No Brasil não há como evoluir. Há injustiça, impostos altos. Aqui há um leque de possibilidades. E dar a meu filho a oportunidade de escolher no futuro. Fizemos o mais difícil, que foi trazê-lo até aqui”, conta.
A sua religião – Mórmons – faz Batismo pelos Mortos, daí que pesquise muito pelos seus antepassados. Curiosamente, e porque decidiu procurar a árvore genealógica, descobriu que tem raízes em Vouzela, através de Juvenil Cabral de Sousa, seu avô paterno.
Na região encontrou uma comunidade jovem de brasileiros, mas não tem grande contato, a não ser a nível profissional, no atendimento ao público. “O povo português pode ser um pouco duro, mas é muito honesto. Os brasileiros vêm de uma cultura diferente”, explica.
Se pudesse, reconhece, continuaria em casa. “Amo o meu país e queria poder viver bem lá”, confessa.