Natural de Igarei – Queirã – Vouzela e a residir em Vilar do Monte – Calde – Viseu, Cidália Costa remete-nos para uma infância bem diferente do comum nos dias de hoje. Naquela época, recorda, as crianças começavam cedo a ajudar no sustento da casa e quando ia para a escola – completou a 4ª classe e viria a retomar os estudos até ao 9º ano já depois de enviuvar – “as ovelhas já tinham de ficar fartas”. Os pais vendiam porcos nas feiras e trabalhavam o campo.
Mais tarde, Cidália Costa empregou-se numa cooperativa de matadouro de frangos, em Vouzela, e começou a namorar, tendo o seu companheiro ido para a Suíça pouco tempo depois. Quando decidiram casar, os dois seguiram o caminho da emigração, em busca de uma vida melhor.

“Enquanto não tive papéis, agarrei-me a tudo, vindima, desfolha, apanhar maçãs, limpezas. Fazia tudo. Depois fui trabalhar para uma empresa de distribuição, na zona de Lausanne, até vir embora”, conta. Já o marido trabalhou na construção civil até à reforma, em 1993, ano em que regressaram a Portugal.

Esse período fora do país foi feito de boas e más memórias. Por um lado, o marido sofreu um grave acidente, que o deixou quatro meses em coma e vitimou um sobrinho. Apesar de não dominar a língua, Cidália recorda com orgulho que conseguiu resolver todas as questões burocráticas.

O nascimento da filha, que viria a nascer e crescer em Portugal por não se adaptar ao clima helvético, foi outro dos momentos importantes.

“Só tenho a dizer bem, gostei muito da emigração”, salienta, realçando que ainda hoje tem saudades do trabalho, onde “era muito respeitada”. No regresso a Portugal, a adaptação não foi fácil, mas aos poucos habituou-se e conseguiu integrar-se. Ainda assim, nota que, se soubesse o que a vida lhe reservava – perdeu o marido em 1998 –, preferia ter ficado na Suíça.