Adélia Ferreira nasceu e cresceu no lugar de Portela, na freguesia de Mões, Castro Daire, no seio de uma família de sete irmãos. Os pais viviam da agricultura e da criação de animais. Por isso, quando terminou a quarta classe, a escolaridade obrigatória, foi ajudá-los. Começou por guardar as ovelhas e as cabras e, mais tarde, por levar as vacas para os lameiros e até aos montes. Conforme recorda, também havia as terras para cultivar e a roupa dos irmãos para tratar. “Ia-se às festas da aldeia, mas pouco”, graceja.
A poucos dias de completar 20 anos, a 11 de fevereiro de 1980, uma amiga arranjou-lhe contrato na Suíça. Foi viver para Sierre, “a terra do sol”, no cantão francês.
Nos primeiros anos, foi ajudante de cozinha num restaurante, onde também tinha alojamento, e, conforme ia aprendendo a língua, passou para o atendimento no balcão, onde já tinha contato com os clientes e, mais tarde, para o serviço de mesas.
A melhor experiência em termos profissionais seria, no entanto, numa fábrica de relógios.
Adélia Ferreira recorda que, nos primeiros quatro anos teve contratos de nove meses, sendo os restantes passados em Portugal, até obter o permisso B, que já lhe dava, a si e ao marido, outras regalias.
Ainda assim, e embora gostasse muito de lá estar, “não era fácil”, dadas as diferenças em relação à língua e aos hábitos da comunidade. “Mas a vontade de ter uma vida melhor era tanta que ajudava a suportar”, conta. Os centros portugueses, onde se realizavam festas, os telefonemas e as férias, uma ou duas vezes por ano na sua terra Natal, ajudavam também a mitigar as saudades.
Quando o seu filho mais velho quis vir, de vez, para Portugal com os tios, sentiu que uma parte de si “já lá não estava” e a família regressou, três anos mais tarde, em 1999, para voltar a ficar reunida, tendo-se instalado no Pereiro.