A Ribeira da Laje é o nome que se dá na aldeia de Vilar do Monte (freguesia de Calde, município de Viseu) ao troço de água que vem do monte baldio, ao passar junto às eiras e espigueiros (ou canastros). “Laje” pode significar também o chão de pedra, pelo que a eira, sendo formada por enormes fragas de granito, remete diretamente para esse topónimo. De alguma forma, nesse lugar encontram-se três elementos simbólicos ligados ao cultivo do grão e à sua transformação em farinha: os campos de milho, o moinho de água e as eiras e espigueiros. Sementeira, colheita, seca, debulha e moagem. As habitantes Cidália Costa e Maria Flores explicaram-nos com todo o detalhe como era usado o Moinho da Laje até há alguns anos atrás. Um conjunto de herdeiros (ou seja, de famílias com o direito de uso) tinha, por exemplo de quinze em quinze dias, determinadas horas para entrar no moinho e moer o seu grão em farinha. A chave era deixada num local combinado pelo anterior utilizador e, fosse de dia ou de noite, o moinho não podia deixar de funcionar, já que a força das águas do ribeiro tinha que ser aproveitada ao máximo enquanto durasse. Embora não estando a funcionar, este moinho tem ainda todos os seus elementos constituintes (a moega, a quelha, o chamadouro, a mó andadeira, a mó de pouso, o aleviadouro, o cubo, a seteira, a pela, o rodízio e o urreiro). Apenas o veio, que une o rodízio à segurelha e à pedra andadeira, não está presente, o que não será difícil de arranjar.
Entrevista conduzida em 25 de fevereiro de 2022 por Luís Costa. Registo audiovisual de Liliana Silva. Registo sonoro e edição audiovisual de Luís Costa.