A freguesia de Calde é limitada a sul pelo rio Vouga, confinando com outras localidades do município de Viseu como Galifonge, Lustosa, Lordosa ou Sanguinhedo. Existindo apenas uma ponte que separa as duas margens, a ponte dita “romana” entre Paraduça e Galifonge, houve a necessidade de os antigos colocarem em vários pontos do leito do rio Vouga poldras ou alpondras, as quais formam uma pequena ponte com as pedras de granito espaçadas em intervalos regulares. A passagem de uma lado para o outro do rio através da ponte das poldras é uma necessidade antiga para as gentes da Póvoa de Calde, tal como nos explica o senhor Henrique Martins. Desde logo, existe uma relação umbilical antiga com a aldeia de Galifonge (freguesia de Lordosa) o que fazia com que houvesse famílias que partilhavam membros que viviam nas duas margens e, nas festas de santos padroeiros da zona (como a Santa Eufémia de Cepões), houvesse peregrinos que cruzavam o rio num e noutro sentido. Por outro lado, existiam antigamente vários moinhos de água na margem esquerda do rio, aos quais podiam aceder algumas famílias da Póvoa de Calde, pelo que o atravessamento do rio era necessário para levar o grão e trazer a farinha já moída. Por último, as poldras eram atravessadas por viajantes e comerciantes, alguns dos quais vinham de terras mais longínquas como as do município de Castro Daire, para cortarem caminho ao dirigirem-se para a zona de Bodiosa, conhecida ancestralmente pelos seus pedreiros e pelas indústrias do estanho e da separação de minério.
Entrevista realizada por Luís Costa em 27 de fevereiro de 2022. Edição audiovisual de Luís Costa.