Uma reflexão poética audiovisual sobre a relação entre o mundo dos vivos e dos mortos em contexto rural, um fio invisível presente no quotidiano que ajuda a manter um diálogo entre a herança e a projeção em direção ao futuro. Podemos pensar nestas formas de conviver com os idos queridos como uma “desdramatização” que não é esquecimento, outrossim presença comum, tal como se de um normal encontro familiar se tratasse.

Gravado em Sequeiros (São Pedro do Sul) na noite de 31 de outubro para 1 de novembro de 2022, Dia de Todos os Santos.

A Luz das Almas Próximas

Eu penso no que consigo ver
E vejo uma aldeia na noite fria
E um campo presente e luminoso.

Um sendeiro de dois sentidos
O da vida quotidiana, na quietude noturna
E o da vida eterna, em serena comunhão.

Em Sequeiros, essas duas vidas tocam-se
Numa arquitetura sábia e essencial
Monte, campos, casario, igreja e cemitério.

Podemos discordar ou virar a cara,
Mas convenhamos, quem criou estas dimensões
Sabia um par de coisas sobre o tempo e a memória.

Texto, voz, gravação, edição e composição sonora de Luís Costa