Entre o ano 2018 e 2019, a Binaural/Nodar efetuou um conjunto de registos audiovisuais sobre o ciclo do centeio na aldeia de Campia (município de Vouzela), num trabalho realizado em estreita colaboração com a Associação Grupo Carnavalesco de Campia e a Junta de Freguesia de Campia, os quais fazem parte do Arquivo Digital Binaural Nodar.

Em 2019, a “Ceifa do Centeio” foi realizada a 29 de junho. Apesar de todo o trabalho que a tarefa representa para quem a realiza, acaba por ser, para muitos, sinónimo de um dia de grande festa.

Após nove meses na terra e com as cearas douradas, é chegada a hora de receber o resultado do trabalho, na esperança de ter pão.

Antigamente, os homens e as mulheres tinham papéis distintos em todo este processo. A estas últimas cabia a missão de ceifar, à foice, os molhos de centeio, do tamanho de uma mão cheia, enquanto os homens os iam amarrando. Agrupados em lotes de vinte e cinco e com dois molhos ao alto e três para cobrir, conseguem-se as “meduxas”, de forma a que o centeio seque antes de fazer a meda maior para o dia da malha.

Hoje, o cultivo do cereal faz-se para não deixar morrer a tradição, mas, noutros tempos, em Campia, às eiras chegavam mais de mil e duzentos a mil e trezentos molhos de centeio. Por outro lado, e porque a produção é menor, o trabalho é partilhado, de forma igual, por homens e mulheres.

Apesar de a tradição já não ser exatamente igual, a ceifa continua a ser uma grande festa para a povoação, com os trabalhadores a recordarem as cantigas populares que acompanhavam o ritmo cadenciados dos braços a executarem as diferentes tarefas.

Ceifa do Centeio em Campia. Captação de imagem e som por Liliana Silva a 29 de junho de 2019. Editado por Liliana Silva.