Alberto Pereira nasceu a 02 de Junho de 1960 na aldeia de Campia, concelho de Vouzela.
Desde muito pequeno começou a tratar do gado para ajudar os pais que eram agricultores e tinham vacas, cabras e ovelhas.
Aos treze anos, assim que saía da escola, ia trabalhar “meio dia na pedreira e meio dia em casa”. Alberto Pereira teve sempre uma grande ligação com o gado e isso ainda hoje em dia se mantém. Atualmente é das últimas pessoas da sua aldeia que ainda utiliza a sua junta de vacas para “semear o milho e sachar” da maneira tradicional.
Lembra-se desde muito pequeno de ajudar o pai a lavrar as terras com uma junta de vacas e todas as alfaias agrícolas de antigamente.
Falou sobre o carro de vacas e de como todo ele era feito em carvalho. Lembra-se de um carpinteiro que vinha da aldeia de Levides a casa do pai e de como fazia a estrutura toda do carro das vacas: o eixo, “a cabeçalha”, “cambas” e o “miulo”. As rodas, por sua vez, eram ferradas por um ferreiro que com o “lume em brasa” fazia como que o ferro ficasse “justinho à madeira”.
Afirma que “antigamente as vacas eram mais habilidosas que algumas pessoas agora”, que reconheciam os seus donos e vinham quando eram chamadas pelo seu nome. Estas eram capazes de lavrar as terras quase sozinhas, sem que fosse necessário ir alguém à frente a orientar.
Da malha do centeio em Campia, recorda que o primeiro que chegasse à eira berrava “À eira”. Que o centeio “era estendido, cruzado, um molho para cada lado” e depois era feita uma “meducha grande” na eira. Recorda que os seus pais e tios andavam muitas vezes dias inteiros à malha: “Eram oito irmãos, quatro de cada lado à malha”.
Entrevista a Alberto Pereira, conduzida por Liliana Silva. Captação de imagem e som por Liliana Silva a 25 de Janeiro de 2020. Editado por Liliana Silva.