Registo integrado no projeto “Pedras Faladas: Memórias Geológicas de Bodiosa”, uma homenagem às pessoas concretas que estiveram e estão ligadas ao universo geológico desta freguesia do município de Viseu.

Amadeu Carvalho lembra-se de ser menino de seis ou sete anos e de ir passar a noite com o pai que trabalhava como guarda na chamada mina do Cabrão, situada perto da sua aldeia do Aval, Mais tarde, já com oito anos, começou a dar serventia a seus pais quando estes arranjaram uma exploração de minério no município vizinho de Vouzela (entre as aldeias de Vilar e Caria). Enquanto a mãe lavava numa caleira a terra que saia do corte do minério, Amadeu chegava-lhe a terra e limpava o fundo da caleira. Por volta dos catorze anos foi trabalhar para Travanca de Bodiosa para a Sociedade Mineira do Paiva, local onde conheceu as denominações de muitas minas de onde chegavam os minérios mistos (volfrâmio e cassiterite) para serem separados: as minas de Arouca, as minas de Regoufe, as minas de Belmonte, as minas de Queirã (Vouzela), etc. A sua primeira tarefa foi a de secar o minério que saia das mesas de lavaria, e posteriormente foi para o moinho de rolos, o qual tinha uns crivos por debaixo para calibrar, ou seja nivelar o tamanho das pedras de minério. A cassiterite que saía da separadora ia para a fundição, onde era misturada com cobre e antimónio para fazer barras de estanho, as quais eram vendidas para lugares tão distintos como a Siderurgia Nacional ou transformadas em folha de flandres.

Captação de imagem por Liliana Silva e som por Luís Costa a 13 de dezembro de 2019. Editado por Liliana Silva.